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Por que isso é tão relevante?

A soja é o maior cultivo do Brasil em área, bem como é a mercadoria mais valiosa para exportação. Quase metade de todas as terras cultivadas no Brasil é usada para a produção de soja. As projeções de órgãos de pesquisa como Embrapa projetam para a safra 2020/21 uma área cultivada de soja de 38 milhões de hectares. Embora, uma parcela significativa do grão seja cultivada na região Sul do Brasil (mais de 30%), quase todo o desmatamento recente associado à expansão da soja ocorreu nos biomas Cerrado e Amazônia.

Exportações

Segundo previsões dos organismos oficiais, na safra 2020/2021 o Brasil deve produzir 133 milhões de toneladas de soja e exportar cerca de 85 milhões. A China é e deve continuar sendo o maior importador de soja brasileira. Projeções apontam que os chineses devem responder por 80% de todas as exportações do grão no Brasil ao final da safra 2020/2021. Mais da metade desse volume de soja em grão é proveniente dos biomas Cerrado e Amazônia. A União Europeia diminuiu sua participação na importação do Brasil com previsão de que fique em torno de 7% em 2020/2021.

Cadeia de soja livre de desmatamento: exemplo da Moratória da Soja e a expansão para o Cerrado

A análise dos compromissos corporativos com o desmatamento zero mostra que das 566 empresas que assumiram tais compromissos, a maioria estabeleceu 2020 como o prazo para atingir a meta. No entanto, o relatório das metas, estratégias e ferramentas de monitoramento que serão usadas para esse fim ainda carece de transparência.

Apenas um quarto das empresas relata seus resultados regularmente e, dado o prazo apertado para a consecução da meta, deve relatar não apenas seus compromissos, mas também os sistemas de monitoramento que usarão para acompanhar suas metas de desmatamento zero.

Fortalecimento da Moratória da Soja

A Moratória da Soja é um caso exemplar, principalmente porque as metas propostas estão sendo atingidas e o processo de monitoramento, relatório e verificação é mantido por um grupo composto pelas diversas partes interessadas, composto por representantes do setor e da sociedade civil. A relevância da Moratória da Soja no setor e para os compradores internacionais é um estímulo para que o sistema melhore continuamente. Em um Mundo em constante mudança, aumentar a transparência é fundamental para as partes interessadas.

A necessidade de proteger o Cerrado

O Brasil é um dos dez principais emissores de gases de efeito estufa (GEE) do mundo. O desmatamento dos biomas Amazônia e Cerrado é a principal fonte dessas emissões, principalmente pela conversão de pastagens e produção de soja (SEEG, 2018). Atualmente, as regiões da Amazônia e do Cerrado são responsáveis por cerca de 23 milhões de hectares de soja (5,1 e 18,0 Mha, respectivamente), 114 Mha de pastagens (53,0 e 61,0 Mha, respectivamente) (MAPBIOMAS, 2019).

O cultivo de soja no Cerrado se expandiu principalmente sobre as áreas ocupadas por pastagens e outras culturas, mas a maioria das novas culturas de soja na região do Matopiba é resultado da conversão da vegetação nativa. Essa conversão representa um grande risco para a sustentabilidade das culturas e da região.

Devido à mudança no uso da terra, a regulação climática (temperatura e umidade, chuva, etc.), a polinização, o controle da erosão e outros serviços prestados pelo bioma têm deixado de existir. As consequências são secas mais severas que se agravam ano após ano, como tem se observado nos últimos anos.

Referência

(1) 10 anos da Moratória da Soja na Amazônia: História, impactos e a expansão
para o Cerrado. Marina Piatto & Lisandro Inakake de Souza. Piracicaba, SP:
Imaflora, 2016.