Soja pode aumentar produção no Cerrado sem desmatar
É possível garantir o aumento de produção de soja no Cerrado sem desmatar a vegetação nativa, ao utilizar áreas de pastagem subutilizadas e com aptidão agrícola. O estudo Incentivos para Produção de Soja Sustentável no Cerrado realizado em 2019 pela The Nature Conservancy (TNC) mostra que há mais de 18,5 milhões de hectares de pastagens no Cerrado adequadas à produção de soja, mais do que o dobro dos 7,3 milhões de hectares que serão necessários, nas condições atuais de mercado, para garantir a expansão por pelo menos dez anos.
"Em momentos como o atual, em que essa commoditie está em alta de preço, há uma procura natural pelo plantio. É importante que os produtores e os governos identifiquem essas áreas para evitar desmatamentos. Há áreas em estoque já condicionadas que estão prontas para o plantio, diferentemente de áreas que venham a ser desmatadas. É uma conjunção de fatores que favorecem o ordenamento das lavouras de soja", explica Lisandro Inakake, coordenador de projetos da iniciativa de Clima e Cadeias Agropecuárias do Imaflora.
O estudo aponta, ainda, que uma combinação de ações para apoiar a intensificação da pecuária, liberando áreas de pastagens de baixa produtividade, estimularia a conversão dessas áreas subutilizadas na produção de grãos. O estudo também mostra que a expansão da soja em terras de pasto já existentes possui menor custo de implantação e maior produtividade do que a conversão de áreas de vegetação nativa em cultivo - já que é três vezes mais rápido atingir rendimentos máximos de colheitas em terras de pastagens já convertidas.
Para melhorar os retornos da produção de soja realizada em pastagens arrendadas ou adquiridas, há instrumentos financeiros, como financiamentos com prazos mais longos e custos mais interessantes para os produtores, que podem ajudar a mudar a forma da expansão em favor dos modelos sem conversão de vegetação nativa, e servir como complementos à crescente demanda do mercado por produtos mais sustentáveis.
O Cerrado
A área do Cerrado brasileiro é maior do que a soma dos territórios de Alemanha, Espanha, Itália, França e Reino Unido, ou quase cinco vezes o tamanho da Califórnia. É também uma das principais regiões agrícolas do mundo, considerada o centro da produção de alimentos nas últimas décadas. A expansão da pecuária e da agricultura, no entanto, levou ao desmatamento de metade da vegetação nativa do bioma. E a perda de vegetação nativa traz grandes consequências em termos de emissões de carbono e ameaça à biodiversidade da região, como indica o estudo da TNC.
Na área de Cerrado que engloba parte dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, conhecida como Matopiba, mais de 80% da expansão da soja nas últimas duas décadas ocorreu sobre a vegetação nativa. Ainda segundo o estudo, essa região é a que abriga os remanescentes mais significativos do Cerrado nativo em terras privadas adequadas para a produção de soja, reunindo 45% da reserva legal excedente do Cerrado, o que representa 4,5 milhões de hectares.
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