Quarta de Soja ressalta importante da transparência na cadeia produtiva
“A transparência e a divulgação de quem está adimplente no Protocolo Verde de Grãos do Pará é importante. Com isso, o próprio mercado pode selecionar e cobrar que as empresas tenham o mesmo patamar de compromisso socioambiental. O mercado não pode mais aceitar que uma empresa que não esteja adimplente esteja em patamar de igualdade de condições no mercado com outras que estão cumprindo plenamente o protocolo”, disse o procurador do Ministério Público Federal do Pará, Daniel Azeredo, durante debate ocorrido no webinar Quarta de Soja, promovido pelo Programa Soja na Linha, nesta quarta-feira (11/8), com o tema Protocolo Verde de Grãos: desafios e oportunidades na cadeia de valor da soja para promover uma produção mais responsável.
O protocolo verde de grãos cria garantia entre empresas, produtores, Ministério Público e outros atores para que não haja desmatamento ilegal em fazendas de soja no Pará. A primeira edição do Quarta de Soja propôs uma discussão sobre os desafios e oportunidades do protocolo e sua relação com outras soluções para a soja, sabendo que o protocolo não resolverá a questão do desmatamento sozinho.
Lisandro Inakake de Souza, coordenador de Projeto na Iniciativa de Clima e Cadeias Agropecuárias no Imaflora e também coordenador do Programa Soja na Linha, contextualizou o tema com os dados da última taxa anual de desmatamento na Amazônia publicada pelo Prodes em 2020, que foi de 11.0000 quilômetros quadrados, com incremento ano a ano, e que não deve ser diferente em 2021. Ele explicou que o foco do Protocolo Verde de Grãos no Pará justifica-se porque o Estado responde por 45% desse desmatamento em 2020. No monitoramento da Moratória da Soja, 17 municípios principais produtores de soja do Pará respondem por 43% do desmatamento no Estado.
O evento foi mediado por James Allen, diretor executivo da Olab, que recebeu também Fabiana Reguero, gerente Socioambiental da Amaggi, e Giovana Baggio, gerente de Agricultura Sustentável, da The Nature Conservancy (TNC).
"O desafio é trazer todo mundo para o Protocolo Verde de Grãos. Não podemos ter falta de isonomia no mercado. Se há uma empresa com política de compras rigorosas em relação a questões socioambientais e outra que não segue esse critério, é claro que ela vai ter uma vantagem competitiva. Deixamos de ter um problema socioambiental para ter um econômico", ponderou Azeredo.
"Na Amaggi, acreditamos nas soluções em conjunto. Quando falamos de uma questão complexa para se resolver, como é o caso de desmatamento, que tem também questões sociais envolvidas, sabemos que proteção ambiental no Brasil é sobre o que o mundo inteiro quer saber. Assim, somar esforços é essencial. Não vamos resolver esse problema sozinhos, ou numa cadeia única. Entramos no protocolo para pensar em soluções conjuntas para chegar a um resultado efetivo", disse Reguero, da Amaggi.
"Há anos a sociedade civil discute o planejamento de paisagem e como a Amazônia pode ter produção agrícola combinada com conservação da biodiversidade e dos seus remanescentes naturais tão importantes para o mundo. O Protocolo Verde de Grãos, combinado com a Moratória da Soja e outros acordos e compromissos individuais das empresas, promovem ações para ser efetiva a redução do desmatamento, como também o monitoramento de questões sociais, como o trabalho escravo, ressaltou Baggio, gerente de da TNC.
Assista ao vídeo do debate aqui
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